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«A presente obra é uma jóia da literatura e do pensamento universal e um dos maiores clássicos da espiritualidade budista, cujo valor não se pode todavia medir por critérios meramente académicos ou literários, pois a sua natureza última é como a do espelho que directamente nos confronta com a nossa ignorância e negatividade, como a da espada da sabedoria que as corta pela raiz e como a do diamante que manifesta a indestrutível pureza da nossa própria natureza de Buda, assim desencoberta. É por isso que o estudo, a reflexão e a meditação de A Via do Bodhisattva têm mudado radicalmente inúmeras vidas e levado muitos seres ao Despertar. É esse o seu objectivo primeiro e último e não menos que isso pede dos seus leitores, como tão incisivamente aponta Jigme Khyentse Rinpoche no prefácio que teve a bondade de escrever para esta edição portuguesa. (…)
Para terminar, não podemos deixar de partilhar quão gratificante é traduzir obras como o Bodhicharyavatara na língua de Luís de Camões, Padre António Vieira e Fernando Pessoa. Como o viram estes autores, e também o seu mais recente herdeiro, Agostinho da Silva, a maior vocação de Portugal é precisamente o ecumenismo e a universalidade, acolher entre nós e levar ao mundo o que haja de melhor na sabedoria das tradições planetárias. É neste sentido que pessoalmente sentimos que, ao recebermos na nossa língua e cultura obras como esta, estamos a continuar e a cumprir, cremos que a um nível superior - já livre da obsessão da fé e do império político ou económico -, a viagem iniciada no século XV para o Oriente e o mundo. É perante obras como a de Shantideva que mais se sente a verdade do que escreveu Pessoa: que o verdadeiro destino dessa viagem, sem a qual não é possível compreender Portugal nem a nossa saudade de um não sei quê, são as «Índias espirituais», que «não vêm nos mapas», porque nos são desde sempre íntimas ao mais fundo do coração.»
Paulo Borges
In «Nota à Tradução Portuguesa»