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Jorge Jardim foi um homem de sete ofícios e de sete faces: Subsecretário de Estado entre 1948 e 1952, gestor de empresas de Manuel Boullosa e António Champalimaud, mensageiro de António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano junto de Hastings Banda, cônsul do Malawi na Beira, planeador de golpes de Estado e de incursões, chefe de tropas especiais sem ser militar, tutor de serviços de informação, promotor de acções de desestabilização nos países vizinhos de Angola e de Moçambique, aventureiro de mil peripécias.
Foi uma figura controversa, suscitou grandes afeições e grandes repulsas, fazia a diferença e a quase ninguém era indiferente. Foi um indivíduo invulgar, quer nos seus atributos visíveis, quer nas suas obscuras deambulações e características, e difícil de enquadrar nas tipificações clássicas da psicologia. Verdadeiramente só perseguiu aquilo que lhe escapou, teve Moçambique a seus pés e morreu, quase sozinho e de mãos vazias, em busca das oportunidades perdidas.
Este livro baseia-se em documentação inédita de vários arquivos e em dezenas de entrevistas, correspondentes a três anos de pesquisa e a milhares de horas de gravação de testemunhos orais. É a revisitação de um tempo histórico que muitos, em Portugal e em África, ainda retêm na pele e na memória. José Freire Antunes in Prefácio