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Manuel Alegre (Prémio Pessoa 99) surge com um novo livro de poemas, "Livro do Português Errante", um livro feito de errâncias e evocações, interiores e exteriores, pela vida ("Querida Sophia: como os índios do seu poema / também eu procurei o país sem mal. / Em dez anos de exílio o imaginei"), pela poesia ("Por um caminho à noite caminhava / caminhava de noite sem sentido / pela própria cadência era levado / caminhava movido por um ritmo/ a música interior que mais ninguém/ ouvia."), um livro de interrogações ("Não sei como se ressuscita / no terceiro dia/de cada sílaba/ nem se há palavra para voltar/ do grande rio do / esquecimento./ Não se no terceiro dia/ alguém me espera. Ou se/ ninguém."), de inconformismo.
«O tecido da arte poética de Manuel Alegre é como um rio que bate nas rochas e segue, sem desvios, ao encontro da terra prometida; à procura do homem libertador. Quando tudo parece já dito, Manuel Alegre ousa o "indescoberto" forjado no sonho, na insubmissão e na coragem da palavra-carne, da palavra-alma, da palavra-voz, da palavra-amor. E nasce "(...) Um livro. Sempre. /Um livro que se escreve e não se escreve/ou se reescreve junto /ao mesmo mar." Nasceu "Livro do Português Errante" (...)
«A lírica de Manuel Alegre com um registo de sempre: o inconformismo e a luta por ideais que dignifiquem o ser. Uma poesia intensa no ritmo e na musicalidade. Uma arte poética fermentada na interioridade dos sentidos, em "movimento perpétuo" de partilha. Poesia errante e poesia amante. Poesia acordada pela dor de muitas feridas; poesia de muitos encantos e desassossegos. Poesia que sangra, porque se ama e se dá, solidária.»
Maria Augusta Silva, Diário de Notícias