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Este livro explora a cosmovisão e a identidade estética do cinema de Manoel de Oliveira na perspectiva da temporalidade. Partindo da noção do cinema como arte narrativa, cruza as reflexões do cineasta acerca da sua criação com uma atenção concreta a cada um dos seus filmes e à obra como um todo, em busca da trave-mestra que sustenta o seu pensamento e o seu acto criativo. Daqui ressalta o olhar do artista — um olhar radicalmente interrogativo e combativo —, revelador de profunda escuta, de intenso desejo e de incansável labor experimental. A obra oliveiriana faz do tempo - e da consciência sobre ele - a matéria «plástica» sobre a qual se exerce um trabalho estético de ressonâncias escatológicas, desafiando o espectador ao confronto com a sua própria humanidade.
«Passado o ímpeto futurista dos primeiros filmes, entusiastas da modernidade, os artistas do cinema moderno retomam e glosam incansavelmente, cada qual a seu modo, o mote da angústia da aceleração. Os filmes de maturidade de Manoel de Oliveira (1908-2015) dão-nos dessa tendência exemplos preciosos. É por isso que, ao propor-se reflectir sobre tempo e narrativa no cinema de Manoel de Oliveira, Maria do Rosário Lupi Bello vem, certeira, tocar no cerne de uma problemática que será, provavelmente, a mais profícua do centenário realizador português que atravessou o século XX e adentrou o XXI fazendo cinema. As lições desse Mestre do tempo e da temporalidade revêem-se neste livro, translúcidas, iluminadas pelo olhar penetrante da autora.»
RENATA SOARES JUNQUEIRA, UNESP, ARARAQUARA (SÃO PAULO)