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Prémio revelação literária UCCLA - CMLisboa: novos talentos, novas obras em língua portuguesa.
Boi, de Cláudio da Silva, é uma espécie de epistolar falhado, com alto pendor autobiográfico. Uma homenagem à poética de Pedro Pedro, autor desconhecido e maldito, cujos textos, dispersos por fanzines e outros registos desconsiderados pelo mercado, retratam quase graficamente a cidade de Lisboa (e não só), privilegiando o patético e o periférico e alicerçando-se no boato e na vox populi para atingir uma verdade poética, política e biográfica da deslocalização e do deslocado.
Boi é, enfim, a ventura que paira sobre a cidade alargada que somos e que busca perspectivar. Essa cidade imaginada que ainda resiste em cada um de nós.
EXCERTOS
«E vai já lá à frente, o Boi, no nevoeiro denso, e tem, na pressa do vício, o olhar embaciado do ouro eflúvio em que esta cidade se afunda. Assim é, pois. E, sabes, não nos voltaremos a ver, eu e tu. Porque eu vou para outro lado. Não para outro país, só mesmo para outro lado.»