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«A família, todos eles, tinham um espírito de nómadas, desenraizados da terra que pisavam, ela era apenas o caminho a percorrer, e cavam para trás, em imagens, os lugares, as pessoas, a própria vida passada. Imagens que Maria Agustina chamava a si, numa espécie de recitação meticulosa, como se se entregasse a uma dissecação poética. Poética? O comboio para a Póvoa passava ao longe, nas traseiras da casa, como um brinquedo de folha; avistavam-se os misteriosos casarões cinzentos das famílias alemãs de Oliveira Monteiro, onde um velho jardineiro furtivo varria a caruma do chão de saibro branco; no jardim do colégio das Teresianas, de japoneiras rajadas e araucárias seculares, cruzavam-se caminhos de passeio e oração daquelas freiras de toucado real.»