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Na década de oitenta, a explosão do consumo de heroína e o surgimento da epidemia da sida tiveram um efeito devastador em toda uma geração de jovens. Quarenta anos depois da morte do seu tio Désiré, Anthony Passeron decidiu investigar a história silenciada da sua família e analisar o que no campo científico internacional corria em paralelo. O resultado é As Crianças Adormecidas, uma narrativa comovente que entrelaça memórias íntimas, sociologia e história, olhando para o sofrimento solitário de uma família em particular e para a competição entre hospitais e centros de investigação franceses e norte-americanos, até à identificação, em 1983, de um vírus que matou milhões de pessoas em todo o mundo. Este é um retrato sóbrio de uma época de caos, vibrante com ânsias de liberdade, de expressão de orgulho, de viver o novo, perplexa com um terror desconhecido, uma dor indizível, um luto asfixiado pelo estigma.
«Sem nunca levantar a voz, desfez o silêncio familiar cicatrizado sobre a tragédia e construiu um texto tão poderoso, tão comovente, que permanece connosco muito após a sua leitura. Sublime.»
Annie Ernaux
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Há uma tese que daqui emana, apontando o silêncio, a vergonha e a culpabilização moral como catalisadores de uma tragédia que se agigantou desnecessariamente, na família do narrador, mergulhada na negação, como em todas as outras: “A cada um a sua competência: aos médicos, a ciência; à minha família, a mentira.” Numa escrita seca e direta, Passeron expõe essa mentira à medida que a descobre. O texto que daí nasce não é uma busca pela verdade, mas uma luta, página a página, pelo direito à memória e a uma história.»
Sara Figueiredo Costa, Expresso