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Enviada para Auschwitz em 1943, Elsa Miller sobreviveu ao campo de extermínio devido ao seu talento. Como violinista, teve a «oportunidade» de se juntar à orquestra feminina do campo, regida por Alma Rosé, sobrinha do famoso compositor Gustav Mahler.
É este o segredo que Jean-Jacques Felstein, o filho de Elsa, descobre muito tempo após a morte prematura da mãe, que nunca lhe revelara nada acerca do seu passado. Ao tentar preencher o vazio que sente, segue os passos de Elsa e encontra sobreviventes da orquestra em vários países: Alemanha, Bélgica, Polónia, Israel e Estados Unidos da América.
São as memórias de Hélène, Violette, Anita e outros músicos que o ajudam, finalmente, a compreender a sua mãe, que aos 20 anos passou pelo inferno e para sempre carregou esse fardo. Relatos que nos dão a conhecer a realidade incompreensível do campo: as audições das quais dependia a sobrevivência, os ensaios intermináveis, os destroços humanos que marchavam ao ritmo da banda a caminho dos trabalhos forçados, os concertos de domingo e as peças de música que Josef Mengele, o «Anjo da Morte», exigia ouvir quando não estava a decidir quem vivia e quem morria.
Uma história que desperta emoção, respeito e raiva, numa escrita marcante e intransigente. Uma bela homenagem a estas mulheres.
Um diálogo admirável além da morte, em que Jean-Jacques Felstein, ao seguir os passos de Elsa, tenta aliviar a mãe do peso do seu sofrimento e, assim, amenizar a sua própria devastação por ter crescido com uma mãe ausente.