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A candidatura de Norton de Matos à presidência da República contra o candidato da Situação, Óscar Carmona, foi, a vários títulos, notável. Mobilizou dezenas de milhares de portugueses em manifestações públicas a favor de um candidato que afirmava publicamente, com o seu prestígio de general, republicano e colonialista, estar há 22 anos em oposição ao regime de Salazar e não pensar noutra coisa que não fosse "fazê-lo desaparecer para sempre" do seu país. Constituiu uma pedrada no charco das "eleições" presidenciais até então realizadas sob o Estado Novo, obrigando as hostes salazaristas a uma mobilização acrescida, face à presença inaudita de um candidato alternativo, congregador de praticamente todos os sectores da oposição, mesmo estando as regras do jogo eleitoral viciadas a favor da Situação. (…) Último grande fôlego da oposição na década de 40, as eleições presidenciais de 1949 marcam ainda, simbolicamente, o fim da primeira grande crise do regime, abalado pelos ventos democráticos trazidos pela 2.ª guerra mundial.