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«Na verdade, o papagaio verde foi meu, e não apenas do meu narrador; fui eu quem esteve a ponto de morrer em Penafiel; fui eu quem assistiu àquelas cenas portuenses, onde perpassa um choro de criança, eu quem, testemunha omitida, participou do strip-tease no Bom Pastor; eu quem ouviu a conversa do quartel e observou os manejos descritos em Os Irmãos; eu quem desembarcou na Grã-Canária. Tudo aconteceu, ou terá acontecido, quase assim. Neste quase, porém, está toda a distância que vai das memórias à ficção - razão pela qual ninguém pode reconhecer-se, como eu também não, nos acontecimentos ou nas personagens. Se a matéria de Os Grão-Capitães é directa ou indirectamente autobiográfica - com que amargura às vezes -, a estrutura que lhe é dada é inteiramente ficção.»
Jorge de Sena
«Escrevi estes contos, em 1961-62, na atmosfera de um Brasil livre, aonde me exilara em 1959; e escrevi-os sem pôr peias de nenhuma espécie a toda a amargura da vida que, em Portugal, a mim como a todos havia sido dada. […] Pelas datas fictícias que na portada de cada conto vão inscritas, a acção deles cobre um quarto de século de 1928 a 1953. E é como crónica amarga e violenta dessa era de decomposição do mundo ocidental e desse tempo de uma tirania que castrava Portugal, que […] devem ser lidos.»
Jorge de Sena