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Margarida nasceu e cresceu no Estado Novo, mas tinha uma personalidade que não estava de acordo com os valores de então. Ela era livre, curiosa e não gostava que lhe dissessem o que podia ou não podia fazer. E foi assim que se apaixonou por Francisco, um angolano alto e elegante que foi parar ao Porto para jogar futebol nas Antas. E como eram ambos jovens, bonitos e não se enquadravam bem no lugar que a sociedade recortou para eles, envolveram-se com toda a paixão que os corpos jovens possuem. E dessa paixão nasceu um bebé, metade português, metade angolano. Pele demasiado escura para Portugal, demasiado clara para Angola. Gabriel cresce solitário e sempre obediente e de cabeça baixa, ensinado por uma mãe que tem medo do racismo e da discriminação contra o filho.
Esta é uma saga familiar parte autobiográfica, parte ficção, sobre o amor que não cura tudo, sobre identidade e busca pela felicidade.