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A chegada dos netos apanha-nos de surpresa. Durante nove meses imaginamo-nos preparados, afinal, como podia ser de outra forma se já fomos pais? Pensamos sempre: basta-nos ser «só avós», uma retaguarda serena, com a vantagem de noites bem dormidas, só com as partes boas E talvez assim fosse, se resistíssemos a apaixonar-nos incondicionalmente. Quando damos por nós, já fomos apanhados e só nos resta aprender a nadar nestas águas, que nem sempre são calmas. Este livro é um diário que resume cinco anos desta fantástica descoberta que fui fazendo à medida que a Carminho e a Madalena, as minhas primeiras netas, foram crescendo. É por causa delas que continuam as muitas conversas com filhos, noras e genros, e também com outros avós, até porque entretanto outros netos chegaram. E também é esta descoberta diária que me leva, tantas vezes, a procurar respostas na sabedoria do Eduardo Sá, no programa «Dias do Avesso», conversas que não resisti a incluir neste livro. Decididamente, ser avó é isto mesmo: é mudar para sempre a forma de ver o mundo e embarcar alegremente numa viagem sem retorno.