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Bertrand, n/d ESGOTADO
Tradução de António Pinhão
Impressionante narrativa que nos é contada, em forma de romance policial, por C. - V. Gheorghiu, que conquistou, há muito fama mundial com a sua célebre obra "25ª Hora". Em Agápia - sentinela dos Cárpatos debruçada sobre as imensas estepes da Roménia - cometeu-se um crime hediondo, a meio da noite, em pleno Inverno, nas "chamas brancas" da neve e de um frio que atinge -40º. Com extrema habilidade, embora disfarçada na aparente simplicidade de uma intriga linear, são exploradas todas as pistas possíveis, mas todas resultam falsas. O mistério, portanto, adensa-se cada vez mais, deixando, em repetido suspense, o leitor num perplexidade que vai crescendo até o desfecho - tão inesperado como repleto de amargo cinismo. Isso, no entanto, é apenas a história, ou seja, o invólucro de uma mensagem muitíssimo mais importante. Este romance quase policial assume também aspectos de parábola evangélica e até de lenda medieval. Agápia, cidade-símbolo da pureza, do absoluto, não pode cometer assassinos: desmentiria assim a sua vocação essencial, que a orienta toda para Deus e para a dor, profanaria este duplo sacramento do sofrimento e do divino, que constitui a sua suprema dignidade. Daí a angústia da procura ao criminoso, daí também a beleza pungente das imagens por que as personagens se exprimem, a simplicidade altamente poética, por vezes quase solene das metáforas por que se expressam as suas convicções mais intimas. A inocência imaculada de uma cidade-mártir, a pureza e misericórdia da neve, a evidência granítica dos motivos, não só físicos como, sobretudo, morais e religiosos, que obstam a que o assassino seja natural de Agápia, a veemência e grandeza das personagens apesar de uma vida de silêncio e de miséria, de opressão secular - tudo isso se fixa em nós em imagens inesquecíveis através de uma narrativa que, além de dramática, deixa em nós uma luz de compaixão e ternura, de saudade também por uma vida que o amor e a justiça tornariam mais livre, mais pura - numa palavra: mais digna do homem.
Conforme as fotografias, o interior e exterior encontram-se em muito bom estado, sem sinais de uso. Contém assinatura de posse.