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Tendo como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, e misturando personagens fictícias e figuras históricas, Jorge Amado reconstitui neste romance o ambiente político e cultural dos tempos do Estado Novo, em especial no Rio de Janeiro.
De vetustos eruditos a operários comunistas, de refinadas damas da sociedade a sórdidos torturadores, por estas páginas desfilam os mais variados tipos sociais, fazendo deste romance um painel vívido e colorido do Brasil de 1940 e do seu meio intelectual. No centro das atenções está a Academia Brasileira de Letras, onde se abriu uma vaga com a morte prematura do poeta boémio Antônio Bruno, em Paris, após ter tomado conhecimento da queda da cidade em mãos nazis. De maneira a escolher o seu substituto, dá-se então início a uma acirrada disputa que opõe as forças da cultura ao obscurantismo nazi-fascista.
Organizado em capítulos breves, como um espirituoso folhetim, Farda Fardão Camisola de Dormir é uma sátira leve e divertida ao conservadorismo político da elite, à hipocrisia das tradições familiares e à vaidade intelectual dos literatos. Mas é também, e acima de tudo, uma exaltação da liberdade, pois, mesmo sob a opressão e a tirania, «é sempre possível plantar uma semente, acender uma esperança».