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O que levará Gonçalo, um empresário rico e burguês, a encontrar-se para jantar com António, empregado de escritório e pobre, sempre ao dia 15 de cada mês, se nada têm em comum senão terem sido, há mais de 30 anos, colegas no liceu?
Nunca vi nada que não fosse lógico. Tudo tem uma lógica, muito embora esteja por vezes escondido. É a isso que chamamos o segredo das coisas. O que distingue os homens lúcidos dos inconscientes é que os primeiros procuram descobrir a lógica das coisas, ao passo que os segundos julgam que as coisas surgem por si próprias e procuram, não a sua lógica, mas a sua rima.
Num texto de grande intensidade dramática, que haveria de revelá-lo como um dos maiores vultos da literatura portuguesa Pós-Guerra, Luís de Sttau Monteiro denuncia, com uma ironia por vezes contundente, o quadro social e político português resultante das condições, e das contradições, impostas pelo Estado Novo.