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Muito provavelmente a melhor peça teatral portuguesa do século XX.
Em 1966, em pleno regime Salazarista, Bernardo Santareno trabalha em cima do romance homónimo de Camilo Castelo Branco (E-Primatur, 2016) que se inspirara na história do dramaturgo português seiscentista António José da Silva, conhecido como o judeu, e cria aquela que tem sido, ao longo dos anos, considerada provavelmente a melhor peça de teatro portuguesa do século XX.
Ao contar a história do dramaturgo António José da Silva, bernardo Santareno estabelece uma alegoria do regime Salazarista e da sua perseguição a qualquer tipo de discurso livre. A Inquisição, o tribunal, a escumalha de denunciantes e afins que condenam António José da Silva à fogueira têm evidente paralelo na acção da PIDE e na censura ideológica e política bem como no regime opressor.
Se Camilo tinha criado um romance de época que era uma grande saga familiar sobre um país de extremos mas também sobre a opressão, Santareno cria uma peça eminentemente política na acepção pura da palavra.