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"Nos anos que se seguiram após a minha mãe ter desaparecido, cheguei, muitas vezes, a convencer-me que se estivesse a passar na televisão "As Bodas de Fígaro" em vez da "Aida", o seu desaparecimento podia ter sido adiado por muitos anos. Acreditava que Mozart, dado o seu genial talento, devia ter uma influência benéfica sobre Deus, o Diabo ou sobre os dois, e que a exerceria junto destas três hipóteses teológicas em benefício dos seus admiradores mais fervorosos.
Hoje acredito que a minha hora mais absurda não podia ser evitada e que a sua explicação reside, precisamente, na sua inevitabilidade. O que é absurdo, o que dilacera, o que esventra, o que mata, provém da vontade de Deus, como provém da Sua vontade, o nascimento de uma criança, o sol, uma praia. É esta a verdade em que creio hoje, porque me pus, com fé, a caminho, o meu destino foi-me revelado e amo o mar revolto."