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Funcionário discreto e apagado, Guylain
Vignolles dedica os dias de trabalho a alimentar o ventre bojudo e eternamente insatisfeito de uma máquina devoradora de livros. Aos 36 anos, solteiro e bom rapaz, leva uma existência monótona e solitária, contando como únicos amigos um velhote amputado à procura das pernas, um segurança que só sabe exprimir-se em versos alexandrinos e Rouget de Lisle, o peixinho encarnado sempre às voltas no seu aquário redondo. No comboio da 6h27 para Paris, este homem que, por ironia do destino, tem por incumbência destruir livros, salva diariamente um punhado de páginas dos dentes metálicos da máquina que manuseia. Durante a viagem até à fábrica, lê em voz alta os trechos que escaparam na véspera à voracidade da enorme e ameaçadora máquina trituradora, à qual chama «A Coisa».
A rotina sensaborona do anti-herói desta história muda radicalmente no dia em que, por mero acaso, do banquinho rebatível da carruagem salta uma pen drive que contém o diário de Julie, empregada de limpeza das casas de banho num centro comercial e uma solitária como ele. Esses textos vão fazê-lo pintar o seu mundo de outras cores e escrever uma nova história para a sua vida.
O leitor do comboio revela um universo singular, pleno de amor e poesia, em que as personagens mais banais são seres extraordinários e a literatura remedia a monotonia quotidiana. Herdeiro da escrita do japonês Haruki Murakami, dotado de uma fina ironia que faz lembrar Boris Vian.