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«O que aqui interessa, porém, é o dia de Primavera de 1937 em que chega a Sevilha sob nome falso, tendo por ordem hospedar-se em determinado hotel e aguardar que lhe entreguem aí informações sobre as tropas de Franco.
(...) da mulher que uma tarde entrou no bar e se sentou junto dele -
"Visivelmente rapariga da vida. Simpática." - nunca saberemos mais:
nem a idade, o porte, nada do seu rosto.
Talvez devido às circunstâncias, ou ao perigo que os rodeava - a cidade não tardaria a revoltar-se a favor dos nacionalistas e vivia-se um ambiente de catástrofe - estalou entre aquele rapaz de vinte e seis anos e a mulher incógnita uma paixão única, tão devoradora que, dentro de dias, a ele pouco sobrava do sentido da realidade.
Todos os desejos da carne se lhe realizavam, mesmo os nunca sonhados: nenhuma loucura parecia impossível; abria-se-lhe, repentina, uma vastidão insuspeita de felicidade e prazer. E o passado: amigos, família, trabalho, as horas de tertúlia, o pudor da esposa, tudo isso parecia extremamente monótono e desagradável, um planeta longínquo. A guerra? Que lhe interessava a guerra?»