Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
Em 1988, Erik Orsenna publica L’Exposition Coloniale romance que, em 1998, recebe o prêmio Goncourt. O título remete à Exposição Colonial Internacional realizada em Paris, em 1931, cujo objetivo teria sido o de conscientizar os franceses sobre a amplidão do império por eles conquistado e oferecer, ao olhar ávido de exotismo de trinta e quatro milhões de visitantes, uma extraordinária confluência de formas, imagens e cores, formando uma verdadeira apoteose colonial. A “vocação colonial” da França e sua “missão civilizadora”, são representadas por intermédio da perspectiva dos personagens Gabriel Orsenna (cujo nome coincide com o pseudônimo adotado pelo romancista) e de seu pai, o livreiro Louis. Em seu texto, Orsenna remete, sob a ótica do indivíduo, a fatos marcantes da história oficial francesa, notadamente à questão da “plus grande France”, por meio de um recorte que se inicia no final do século XIX, perpassa a Primeira e a Segunda Guerra Mundiais, chegando até a derrocada de Dien Bien Phu, em 1954. Essa retomada da História é realizada no “manuscrito/autobiografia” proposto por Gabriel Orsenna; os dois eixos fundamentais dessa escrita são a “vocação” do protagonista pela borracha, dada a importância desta matéria prima para a indústria e a paixão pelas duas irmãs Knigt. A escrita de Gabriel e (consequentemente) a do romance, revela-se, por um lado, como um evidente trabalho de caráter intertextual: cartas, trechos tomados à obra de Auguste Comte, cartazes publicitários, calendário positivista, páginas de diário, páginas do Código do Indigenato, trechos tomados a obras de caráter científico, a estudos sobre a Amazônia, inconfundíveis alusões a Proust, notadamente a Un amour de Swann, vem inseridos no que serão as memórias de Gabriel; por outro lado, evidencia-se, no texto, o aporte ideológico dos ideais positivistas muito prestigiados durante a expansão do colonialismo francês e muito oportunos para a construção da ideia de Progresso. Por intermédio deste projeto de pesquisa pretende-se observar a maneira como a ideia de exposição, de coleção, perpassa o texto: a exposição colonial figura, no título de Erik Orsenna, também como metáfora para a colonização e o texto tende a representar o mundo e a História a partir de outros textos e de imagens, talvez mesmo de clichês, por meio dos quais são questionadas linguagem e ideologia, representadas pela ideia de exposição, de coleção, de objetos e de discursos que sugerem e motivam o diálogo com o Outro e sua interpretação.
Aceito pagamento através de Transferência Bancária ou por MBway.
Esgotado no mercado.