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Outubro, 1975. Quando o avião levantou voo deixando para trás a baía de Luanda, Carlos Jorge tentou a todo o custo controlar a emoção. Em Angola deixava um pedaço de terra e de vida, Acompanhado pela mulher e filhos, partia rumo ao desconhecido. A uma Pátria que não era sua. Joana não ficou indiferente ao drama d passageiros que sobrelotavam o voo 233. O mais difícil da sua carreira como hospedeira. No meio de tanta tristeza, Joana não conseguia esquecer o olhar firme e decidido de Carlos Jorge. Não percebia porquê, mas aquele homem perturbava-a profundamente. Despertava-a para a dura realidade da descolonização ortuguesa e ara um novo sentimento que só viria a ser desvendado 27 anos mais tarde. Foram milhares os portugueses que entre 1974 e 1975 fizeram a maior ponde aérea de que há memória em Portugal. Em Angola, a luta pelo poder entre os movimentos independentistas espalhou o terror e a morte por um país outrora considerado a jóia do império português. Naquela espiral de violência, não havia outra solução senão abandonar tudo. Emprego, casa, terras, fábricas, amigos de sempre. Partir e recomeçar uma nova vida em Portugal que os recebia com desconfiança e um carimbo de "retornados".