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. Lisboa, 1961
. Título original: Kean
. Tradução de Fernando Midões
. Capa de Alves Martins
. Número 2 da Colecção Presença
. 197 páginas
. Valor inclui portes em correio editorial
"AMY – Não és inglesa, mas és esposa de um embaixador. Como é que havemos de saber se estamos em paz com os dinamarqueses se a embaixatriz da Dinamarca não comparece às nossas festas? Esta semana fui três vezes à Ópera, tive dois bailes e quatro jantares: que queres, não sou de ferro e quando vejo as minhas amigas furtarem-se aos seus deveres, confesso francamente que isso me desmoraliza.
HELENA – Estive ontem em Drury Lane.
AMY – Em Drury Lane, sempre é melhor do que nada. Mas não é muito fatigante. Pode-se descansar no camarote, fechar os olhos, até dormir. Eu, nesse momento, dançava com o velho duque de Leicester, que é coxo; quando acabei, coxeava também. E o que é que se representava em Drury Lane?
HELENA – Hamlet.
AMY – Outra vez! O aborrecido, nos autores mortos, é não se renovarem.
HELENA – Renovam-se sempre que são representados por actores novos.
AMY – Sim, é o que se diz. Mas, tu bem sabes, quando já se viu vinte vezes Otelo sufocar Desdémona com um travesseiro, bem podem mudar de Otelo e de Desdémona, que o travesseiro é sempre o mesmo."