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. Lisboa, Setembro de 2008
. Na capa: xilogravura do livro de André Thevet, "La Cosmographie Universelle" (Paris, 1575)
. Da colecção Temas Portugueses
. ISBN: 9789722715652
. 302 páginas
. Valor inclui portes em correio registado
"Os homens selvagens, encontrados nas terras exploradas, eram, geralmente, descritos como sendo de uma bondade natural devido a razões que ficaram atrás evocadas. Garrett mostrou ser sensível a esta preocupação intelectual, e tal reflexão parece frequentemente nascer e desenvolver-se a partir da indagação sobre a compreensão da natureza humana, cuja temática mereceu um lugar específico na sua obra. Na ode «O Brasil liberto», escrita meses antes da declaração de independência da antiga colónia portuguesa, Garrett evoca questões fundamentais ligadas ao tema do homem natural, aqui transposto para o contexto exótico e distante, das terras do Brasil. Nisso, Garrett toma o partido, atitude bastante moderna, da inocente natureza que os descobridores, essa «degenerada espécie», oprimiram pela «ceifa de crimes», sanguíneos e atrozes:
A novos mundos dilatais o globo?
Quereis mais crimes, vício?
Ousadas quilhas de Cabral, Colombo,
Aonde, aonde o rumo?
Prenhes de ferros, de punhais, de fachos,
Aonde as dextas cruas?
Que quereis dessas terras inocentes?
– Oiro! – Responde a sórdida
Cobiça do homem. – Oiro! – Ah! Fome indigna,
Não sagrada, inumana,
De quanto há'i sagrado, quanto há santo
Profanadora ímpia!"