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«Vemos que a matemática de Stendhal se torna imediamente complicadíssima: a quantidade de felicidade é por um lado uma grandeza objectiva, proporcional à quantidade de beleza; por outro é uma grandeza subjectiva, na sua projecção à escala hipermétrica da paixão amorosa. Não é em vão que este capítulo XVII, um dos mais importantes do nosso tratado, se intitula A beleza destronada pelo amor. Mas então até na beauté passa a linha invisível que divide todos os sinais e podemos aí distinguir um aspecto objectivo - aliás difícil de definir - de quantidade de beleza absoluta, e o aspecto subjectivo do que é belo para nós, composto de "cada nova beleza que se descobre em quem se ama". A primeira definição de beleza dá o tratado, no capítulo XI, é "uma nova capacidade de dar prazer". Segue-se uma página sobre a relatividade do que é beleza, exemplificada com duas personagens fictícias do livro: para Del Rosso o ideal de beleza é uma mulher que a todo o momento sugere o prazer físico, e para Lisio Visconti deve incitar ao amor-paixão.»
[Italo Calvino sobre Do Amor, em Porquê Ler os Clássicos]