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A 12 de Fevereiro de 1440 o Cardeal alemão Nicolau Krebs concluía em Cusa, sua terra natal e que lhe daria o nome com que posteriormente viria a ser conhecido, a redação da obra que mais o notabilizaria nos séculos seguintes e cujo título, A douta ignorância, se tornaria emblemático como resposta tanto aos dogmatismos quanto aos ceticismos que frequentemente ameaçam a aventura humana do saber. […]
A obra que agora se apresenta em tradução portuguesa constitui uma autêntica contração, para utilizar uma categoria central do discurso filosófico do autor, na qual se concentram os principais motivos do seu filosofar que, posteriormente, outros textos virão a “explicar” em diversas direções, ora devido a diferentes solicitações, ora motivado por novas leituras, ora impelido por outros e mais originais aprofundamentos. Divide-se em três livros, internamente articulados na sua unidade e na convergência dos conceitos em que se exprime a tripla realidade que abordam. O primeiro pretende aprofundar o estudo do Máximo absoluto, em si inominável, mas venerado como Deus na religião de todos os povos. O segundo volta o olhar para o universo, de que o Máximo absoluto é a causa e o princípio e que, existindo assim fora da unidade desse Máximo de que provém, não pode subsistir sem a pluralidade em que se apresenta, razão pela qual não recebe, como o primeiro, a designação de Máximo absoluto, mas sim de máximo contraído. Finalmente o terceiro livro procura encontrar o mediador entre o primeiro máximo e o segundo máximo, e que, para isso, tem de participar simultaneamente da natureza absoluta do primeiro e da natureza contraída do segundo: Jesus, sendo Deus, é, por isso, absoluto, e, sendo homem, é por isso contraído, estabelecendo-se, pois, como unidade e unificação de todas as coisas.
(Da introdução de João Maria André)