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Na linha dos grandes romancistas e novelistas britânicos - de um Dickens, de um Hardy, de um Joyce -, Aldous Huxley prima por um forte sentido da análise psicológica (sem nunca esquecer a inserção do indivíduo no contexto sociopolítico) e pela ironia fina, que desmontam um quotidiano alicerçado na hipocrisia e no conservadorismo burgueses. Em Duas ou Três Graças, livro extraordinário e apaixonante, o autor retoma a simplicidade e agilidade de processos, aliados ao lúcido repensar do universo em que nos reconhecemos, que caracterizam essa obra singularíssima, Admirável Mundo Novo. O poético e o realismo juntam-se para constituir autêntica obra prima. Os limites de um dia-a-dia em transformação, onde tudo se joga para ganhar ou se perder, Huxley traça-os com mestria. E a literatura ganha um novo significado. Debate, denúncia, roteiro de verdade e de beleza, grande pergunta feita à vida e remanchada no combate decisivo das horas únicas de uma existência em luta, eis o peso fabuloso do testemunho de um criador exemplar que jamais quis separar-se dos homens do seu tempo.