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Partindo de uma discussão sobre o carácter polissémico da ideia de política, esta investigação tem por objetivo compreender que entendimento particular da política está subjacente à vida parlamentar e de que forma este é construído e reproduzido.
Para tal, realizou-se uma etnografia da Assembleia da República centrada nas interações entre deputados, assessores, funcionários, jornalistas e cidadãos. Sugere-se que no Parlamento se constrói uma ideia da política enquanto prática especializada e estruturalmente articulada com processos de diferenciação e desigualdade social e de poder.
Essa ideia é estruturada na relativa circunscrição social do corpo de representantes, nos rituais públicos que os distinguem, nas relações de bastidores que geram inter-reconhecimento, na rede de hierarquias formais e informais que organizam o quotidiano e na forma como os parlamentares incorporam formas de adaptação permanente que proporcionam reconhecimento simbólico ao seu estatuto social.
Destaca-se o papel dos funcionários na transmissão da memória, e dos jornalistas na reprodução da política enquanto esfera autónoma da realidade. Neste sentido, esta obra oferece um olhar etnográfico sobre a instituição da política enquanto forma de distinção social, por oposição ao seu entendimento enquanto dimensão potencial das relações humanas.