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Gargântua, gigante cujas primeiras referências surgem nos ciclos arturianos, os primeiros romances de cavalaria, recomenda ao seu filho, Pantagruel, que, dados os tempos, se torne num abismo de ciência...
Quando se publicaram os dois primeiros volumes - primeiro Pantagruel e depois, em data incerta, Gargântua - estamos em pleno Renascimento e, contra a Igreja e uma certa moral vigente, os sábios começam a viajar pela Europa para cruzar os mais diversos saberes e a questionar muito daquilo que a doutrina católica dava como inatacável. Recomenda-nos, pois, o texto que não interpretemos estas aventuras no seu sentido literal, mas que percebamos que ela tem múltiplos sentidos. As aventuras dos dois gigantes e dos seus companheiros são um festim de saberes antigos, modernos e fantasiosos.
Pantagruel, na missão de que foi incumbido pelo pai, absorve e partilha conhecimentos, aplicando-os de forma prática e verdadeiramente original numa sátira total à Universidade (Sorbonne), então ainda controlada pela Igreja. Ao mesmo tempo, Pantagruel especializa-se também em comida e bebida - além de todas as outras áreas do saber - o que transforma esta obra numa das mais bem regadas da literatura universal.
O leitor pode ler estas aventuras como um romance de cavalaria, uma narrativa fantástica, um libelo pela liberdade de expressão, uma obra humorística, um receituário diverso, um texto filosófico, um documento histórico, uma crítica (bastante actual) aos extremismos religiosos e morais, bem como às instituições políticas, uma carta de vinhos ou como a base de muito do conhecimento dos nossos tempos. Certo é que não o fará sem um sorriso no rosto e sem que se lhe abra o apetite ou lhe suplique a garganta pelo néctar de Baco.
Sinais leves de uso na capa, lombada e contracapa.