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Dentro de um contexto da história do design português, Tom surge como um autor próximo, do qual se conhece algum trabalho, o que leva, por abusiva transposição da parte para o todo, a tomá-lo como autor conhecido. O presente livro-catálogo ajuda a desmontar essa falácia — a obra de Thomaz de Mello é imensa e largamente diversificada, reinventou-se sucessivamente no tempo e, acresce, encontra-se pulverizada, face à ausência de uma coleção expressiva que a reúna e de uma instituição que a acolha. (…)
Como a observação atenta do trabalho de Tom evidencia, a sua obra não pode ser corretamente compreendida se retirada das suas circunstâncias — artísticas, culturais, económicas, sociais e políticas — e nesse corpo a corpo entre a poética e o programa, entre o trabalho e o contexto, um contribui para a dilucidação do outro. Neste sentido, a quem interessa entender a história do design português durante o século XX não deverá deixar de dedicar a devida atenção a um dos seus designers maiores, com atividade intensa entre as décadas de 1920 e 1980, multiplicando-se pela ilustração, design gráfico, design expositivo, design de interiores, design de mobiliário, design têxtil, de vidro e cerâmica, associando, além disso, o lado empresarial e o sentido cooperativo que o destacam como protagonista ímpar e de extraordinária relevância para o design português.
José Bártolo, do ensaio introdutório