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«Mãe, hoje, passados vinte e seis anos, vou encontrar-me contigo e pergunto-me se, entretanto, compreendeste todo o mal que fizeste aos teus filhos».
Num quarto de hotel de Viena, pelas seis horas de uma chuvosa manhã de Outubro de 1998, Helga Schneider recorda aquela mãe que, em 1941, abandonou duas crianças para seguir a sua vocação e realizar a sua «missão»: trabalhar como guarda nos campos nazis de concentração e, depois, nos de extermínio. Desde então, apenas se tinham visto uma única vez, trinta anos mais tarde, quando a jovem Helga lhe tinha levado o filho, nascido em Itália, o país que se tornara seu; a mãe havia-lhe mostrado com orgulho a divisa das SS e oferecido mãos-cheias de ouro, daquele ouro maldito roubado aos judeus; Helga tinha fugido para casa horrorizada…
Portanto, o que a teria levado a responder à carta de uma desconhecida Frau Freihorst que lhe comunicava que a sua mãe ainda vivia? A curiosidade? A esperança de que estivesse «arrependida»? Ou alguma coisa de mais subtil, de mais obscuro e inquietante? Fosse como fosse, Helga decidiu que este encontro será o último. Com uma condição: a filha exigirá tudo e a mãe contará tudo; e assim aconteceu, mas ? como sempre ? em termos muito diferentes dos previstos e também muito mais fascinantes para o leitor.