Este livro está na lista de favoritos de 1 utilizadores.
Introdução, tradução e notas por Filomena Vasconcelos
Num compromisso estranho entre o real e a fantasia, em que a marginalidade do inverosímil não é senão a face interior e oculta das emoções e sentimentos humanos mais intensos e visíveis, "O Conto de Inverno" é igualmente o reflexo oblíquo do momento histórico que, com Jaime I, se segue ao período áureo isabelino.
Filiada no pastoralismo bucólico das tradições clássicas antigas, e seguindo os modelos híbridos da tragicomédia renascentista, "O Conto de Inverno" é sobretudo uma história de amor que atravessa as coordenadas dos tempos e das idades, pondo à prova homens e mulheres na teia complexa dos seus relacionamentos, em tudo o que estes têm de mais digno ou ignóbil. É uma história de ciúme incontido e obtuso, de crime e castigo, de paixão, de dor e de morte; mas, como convém ao género, é também uma história de final feliz, em que, pelo eterno ciclo das estações do ano, a Primavera se segue ao Inverno trazendo consigo a reconciliação e o júbilo.
Por entre as malhas do velho conto em que já ninguém acredita, entrelaçam-se os fios paradoxais da perplexidade, do encantamento e da profunda aceitação do irreal ou do apenas improvável, como a genuína tessitura do existir.
Colecção Shakespeare para o século XXI
Depois da Bíblia, nos domínios da escrita, nenhuma obra nem nenhum autor foram objecto de tanto estudo como as obras de William Shakespeare.
Os escritos de Shakespeare têm sido traduzidos e retraduzidos ao longo dos tempos a um ritmo que, ao contrário do que seria de esperar, tem aumentado em vez de diminuído.
Em Portugal, fazia falta um projecto articulado com vista à tradução integral e actualizada de todas as peças shakespeareanas e à sua consequente edição em livro. Foi essa lacuna que o Instituto de Estudos Ingleses da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e a Editora Campo das Letras se propuseram preencher. Deste modo, o leitor português incapaz de ler Shakespeare no original poderá ter acesso à obra espantosa do maior dramaturgo de todos os tempos, numa belíssima edição, com capa rígida, coordenada por M. Gomes da Torre e com direcção gráfica de António Modesto.