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4 de Outubro de 1500. Um homem contempla Lisboa à janela dos seus aposentos, no paço da Alcáçova. Tem 101 anos, e é o último conquistador de Ceuta vivo. Enquanto aguarda a inevitável visita da morte, D. Álvaro de Ataíde recorda a sua vida aventurosa: servidor da Casa de Viseu, conquistou Ceuta, lutou na Guerra dos Cem Anos, foi campeão de justas e torneios, sofreu em Tânger, ajudou a criar as caravelas, visitou a Guiné, ganhou fama na Borgonha, esteve em Alfarrobeira, na tomada de Arzila e na batalha de Toro. Conselheiro de reis e de duques, assistiu às lutas políticas e às tragédias do século XV português; viu a sua Casa ascender com D. Henrique e D. Fernando, cair em desgraça com D. Diogo, para finalmente subir ao trono com D. Manuel. Assistiu ao novo rumo que o destino de Portugal tomava, mudanças que o seu escravo, um guinéu que se entregava à prática da feitiçaria, acreditava terem acontecido graças à maldição que lançara sobre el-rei de Portugal.