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Robert Walser, escritor suíço de língua alemã, foi, durante muito tempo, praticamente desconhecido do público leitor (não tanto de alguns dos escritores seus contemporâneos, nomeadamente Kafka, Benjamin ou Musil, que tinham grande apreço pela sua escrita). Walser passou as últimas duas décadas da sua vida num hospital psiquiátrico perto de Berna, e aí viria a morrer, num solitário passeio pela neve. E a maior parte da sua obra só muito depois disso veria a luz (e alguma só agora está a ser conhecida).
Por cá, Walser foi descoberto, digamos assim porque antes pouco ou nada dele se falava, depois da polémica à volta da sua "Branca de Neve", que o cineasta João César Monteiro levou ao cinema.
Este livro que agora se publica em edição portuguesa, "O Salteador" é, no dizer de António Guerreiro (Expresso/Actual, 26/7/03), " um dos títulos mais representativos da arte narrativa de Walser, tão pouco respeitadora dos códigos de género, mesmo quando se apresenta como 'romance'. O que é que se narra neste romance? Nada mais que o próprio acto de narrar. Por isso, narrador e personagem principal acabam por ser o desdobramento de uma mesma figura."
Uma obra de uma "ironia desconcertante" (ainda palavras de A. G., ib, que voltamos a citar) "[que veio a contribuir para a evidência de que] tanto no modo de se dissolver em fragmentos como na recusa de toda a síntese própria do 'grande estilo' [Walser] acede à constelação dos grandes nomes da literatura moderna."