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A obra de José Rodrigues Miguéis configura-se predominantemente ao nível da ficção narrativa e da crónica-ensaio. Coetânea do presencismo e do neorrealismo, é relativamente independente do cânone rígido daqueles movimentos, situando-se numa zona de interseção entre ambos, gerando sínteses originais. Leitor atento de Camilo e de Eça, revela-se mestre da ironia e do humor, problematizando as contradições sociais, analisando o sujeito individualmente considerado, não raro em situação limite de amargura e de perda, mas também em busca de identidade, oscilando entre o regresso como forma de esperança e a fuga como expressão de desistência, a que não é alheia a herança brandoniana: «As crónicas da República (tudo ali me lembrava Raul Brandão, que por lá passara) eram talhadas em pleno material do mestre da Farsa. A sua sensibilidade luarenta e espectral coincidia visceralmente com o meu modo de ser.» (in «Nota do Autor» à 2ª ed. de Páscoa Feliz, 1958, p.183). Pass(ç)os Confusos (1982) reedita o livro de contos Comércio com o Inimigo (1973) bem como um conjunto de narrativas anteriormente publicadas na imprensa. Aforismos & Desaforismos de Aparício (1996, ed. OnésimoT. Almeida) reúne textos publicados no Diário Popular sob o título de Tablóides, subordinados a temáticas diversas na área político-cultural, de que se destacam os conceitos de liberdade e de arte, bem como o papel dos intelectuais nas sociedades modernas, acusando dramatismo e angústia, fruto do exílio e da solidão.
Desgaste na capa e lombada. Picos de acidez no exterior das páginas.