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Entre os protagonistas do Ciclo Épico Troiano, Helena é talvez quem conhece caracterização mais negativa. E não por ter constituído um modelo de violência ou da impiedade, que tanto horror gerava. O que nela se declarou irremediável foi a beleza, a «sua beleza má», como Hesíodo, em certo passo, nomeia. E que a inscreveu, como todos sabem, na origem do conflito espaventoso entre os da Acaia e os de Tróia.
O Teatro Grego, pela mão de Górgias e, sobretudo, de Eurípedes, tornaria mais do que uma vez ao que todos sabem de Helena, mas por imprevisíveis atalhos que transtornam a ordem do mito. Insinua-se um importante debate sobre a verdade e a persuasão, o destino pessoal e a responsabilidade civil, a culpa e o perdão. A procura de justiça deixa-nos, assim, perante interrogações que não têm apenas uma resposta. Essa pluralidade avizinha-nos misteriosamente de quê?