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Muito cedo se acreditou grande escritor: – disse-o; disse-o por mais de uma vez. Será pois difícil admitir que as suas cartas obscenas de 1909 (obscenas, entre 2 e 20 de Dezembro), cuja destruição física permaneceu ao seu alcance nos 32 anos seguintes, não tivessem como inevitável um futuro olhar público; não admitissem logo, ou tempos mais tarde, a sua inelutável passagem a edição póstuma; não viessem a ser matéria capaz de explicar a mão que criou algumas páginas de Ulisses, alguns actos do homem que iria ser – iria implacavelmente ser – biografado.
Arriscar-se-á, portanto, que ao futuro monumento literário James Joyce já consentia o James Joyce-homem uma devassa sexual sem mais paralelo nas letras deste século XX; arriscar-se-á que ele, Joyce, que ela, Nora, previam e queriam este futuro olhar indiscreto sobre os costumes mais íntimos de uma relação a dois.