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"A esmagadora maioria das relações soçobra por excesso de eufemismos. Por alguém dizer "incomoda-me" quando devia dizer "deixa-me devastado"; por alguém dizer "peço-te que me expliques" quando devia dizer "exijo-te uma puta de uma explicação"; por alguém dizer "gostaria que não voltasses a fazer isso porque me magoa" quando devia dizer "pára com essa merda porque senão dou-te um tiro nos cornos".
Nada mata mais um amor do que um eufemismo.
Nada mata mais uma relação do que um eufemismo.
O amor é a única unidade lexical que não permite eufemismos.
Nem no dicionário (que, como se sabe, tem habitualmente uma forma gélida de olhar para as palavras) eufemismo vem antes de amor. Colocando ao contrário: até no dicionário eufemismo vem depois de amor. Eufemismo vem sempre depois de amor: quando um começa a chegar o outro começa a ir.
Se não permite eufemismos: então é amor."
Um trolha homossexual. Um jogador de futebol filósofo. Um humorista deprimido. Uma prostituta de alma. Um assassino refinado. Uma prostituta de corpo. Um homem que consegue pensar e sentir o que os outros pensam e sentem.
Numa obra que é um gigantesco monumento, mistura frenética de poema e de thriller, Pedro Chagas Freitas visita os mais profundos calabouços da humanidade: o amor, a morte, a inveja, a paixão, a raiva, a mentira, o medo, o ciúme. E o sexo. Sempre o sexo. Porque é nele, sempre nele, que se encontra a verdade.