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capa de Leonel Moura
concepção gráfica de João Bicker
colecção Fósforo 3
Fenda 1996
[1200 exemplares]
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Ouve-se hoje com frequência, em declarações de índole diversa, falar de legalidade como princípio geral de conduta. Numa adopção da própria letra da lei como baliza dos comportamentos. Assim, certos actos objectivamente imorais justificam-se por não haver nada na lei que os condene.
Ora a ética não se define através de textos, regras ou modelos, mas pela natureza mesma dos relacionamentos humanos no seu espaço comum.
Perderam-se assim certas noções essenciais de comportamento, como sejam a honestidade, a dignidade e a verdade. Quando a condução dos negócios, privados e públicos, o exigem, poderá adoptar-se em "consciência" e sem qualquer pudôr, a desonestidade, a indignidade e a falsidade, desde, claro está, que na letra da lei nada conste que o impeça.
A noção contemporânea de homem de bem, significa não um homem com um elevado sentido de comportamento ético, mas aquele que mediante todos os expedientes, dos mais triviais aos mais indecentes, se vai conquistando uma reputação. Até porque perante a actual configuração do sucesso, mundano, profissional ou político, poucos escapam a uma multiplicidade de actos desonestos, enganadores e aviltantes.