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«Lá em casa, em Braga, sempre as tisanas sobre os repastos. Meu pai, agora, a ler, pausadamente, entre cada golada, os nomes estranhos da lista do Brasil. Minha mãe, por seu lado, a encolher os ombros. A sua predilecção por nomes de santos e o seu senso prático: medo de possíveis complicações para a menina na escola, as demais crianças a amacacarem-lhe o chamamento. Nomes fáceis, familiares, afectivos, sim. Nomes das nossas gentes. Nomes da nossa terra. Agarrando, então, no Petit Larousse , o tio explicou o significado de Ondina: o génio do amor que vive nas águas. Sereia, uma sereia, mas não dos mares mortíferos, não, dos lagos transparentes e tranquilos. Uma gentil ninfa que, se um dia algum mortal a quisesse para esposa, ganharia mesmo alma como qualquer criatura de Cristo. Muito embora sem se opor, a mãe ainda de pé atrás. E que história era aquela de não ter alma a Ondina?» Este é um extracto do mais recente livro de Maria Ondina Braga, uma obra que nos retrata de um modo romanceado a infância e a juventude da autora.