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Jennifer morreu, ainda não tinha vinte anos. Foi levada num caixão branco onde o pai, durante a noite, tinha pintado golfinhos azuis. Nuno Lobo Antunes nunca a esqueceu e evoca-a num dos mais belos textos deste livro. E nós, quando o lemos, voltamos com o médico a Nova Iorque, aos tempos em que trabalhou como especialista em Neuro-Oncologia Pediátrica.
Acompanhamo-lo numa série de quadros poéticos, recordações de sete anos de intensa vida hospitalar, em que a violência das emoções atingia, todos os dias, dimensões de drama.
E, se por acaso, entre as sucessivas derrotas, luzia uma pequena vitória, era sempre celebrada a medo - porque a iminência de uma recaída pairava sempre sobre aquelas vidas, quase sempre demasiado curtas.
Sinto Muito devolve-nos um médico (ainda e sempre) em formação, à procura de si mesmo numa cidade desmedida, distante, multicultural, onde aos poucos se dilui. E é a partir dela que nos relata a estranheza de estar lá tão longe a viver, todos os dias, novas despedidas.