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«Ser cartoonista ou humorista por profissão, já começa por ser engraçado. Mal acordam, sentam-se a uma secretária, pegam numa caneta e num papel, ou ligam o computador, e zás! Começam a fazer graças. Os humoristas, colocam palavras de pernas para o ar, desfocam as ideias, põem um adjectivo em contramão, trocam as voltas aos adjectivos e baralham as vogais. Os cartoonistas, desdimensionam os narizes, entortam as linhas rectas ou endireitam as curvas, desenham bocarras nos lábios, fazem das orelhas abanos. São implacáveis. Os humoristas são talvez mais comedidos, são queridinhos. Mas, qualquer deles é sempre assaltado pela dúvida: eles próprios também se divertem com o que escrevem, ou desenham, ou acham que são profissionalmente uns chatos? Mas se pensam que se divertem, pelas razões do seu próprio sentido de humor, está bem. Mas, e se o riso do leitor não confere com o seu? Esse é que é o problema. Este é a angústia, o sufoco, o desassossego de todos os humoristas.»
Raul Solnado