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Acontecimentos recentes, como a ocupação de Wall Street em 2011, colocaram as estratégias de desobediência civil não-violentas na ordem do dia. Neste livro, Judith Butler mostra como a luta política pela igualdade social deve ser travada no contexto de uma ética da não-violência. Para a principal teórica da corrente feminista hoje dominante, a não-violência é muitas vezes erradamente vista como uma prática passiva que emana de uma região serena da alma, quando, na verdade, a não-violência é uma posição ética dentro do espetro do campo político.
Considerar a não-violência como um problema ético no seio da filosofia política exige uma crítica do individualismo, bem como uma compreensão das dimensões psicossociais da violência. Butler recorre a Foucault, Fanon, Freud e Benjamim para mostrar como a interdição da violência pelo Estado, a quem pertence o seu monopólio, deixa de fora vidas que são vistas como não sendo dignas de luto. Assumindo que as justificações da violência estatal e administrativa são animadas por «fantasmas raciais», Butler preconiza que a violência é muitas vezes atribuída àqueles que estão mais severamente expostos aos seus efeitos letais. A luta através da não-violência é travada por movimentos de transformação social que reconhecem que a interdependência da vida está na base de qualquer igualdade política ou social.
2021; 166 p.