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Mário Domingues nasceu na Ilha do Príncipe, em 1899. Aproximou-se do ideário anarquista em 1919, com a adesão ao Núcleo da Juventude Sindicalista de Lisboa: nesse mesmo ano, iniciou colaboração no diário anarco-sindicalista A Batalha. Começou por publicar contos esporadicamente, mas rapidamente é integrado na redacção do jornal, na qual se manteve até 1927. Durante este período, contribuiu regularmente com reportagens sobre congressos sindicais, sueltos sobre a actualidade política portuguesa e internacional, críticas de arte e crónicas sobre a vida lisboeta. Mas são os seus artigos de denúncia da máquina de guerra racista, da dominação colonial, de apologia à autodeterminação e resistência dos povos africanos, que evidenciam a sua singularidade no espaço público português. Esta edição colige um conjunto importante de textos da sua autoria publicados não só em A Batalha, como no quinzenário Renovação, no Imprensa Livre ou no África Magazine, nos quais se desenharam os contornos de um discurso anti-racista e anticolonialista de características anarquistas no território português. O seu posicionamento foi recebido com enorme atrito, não só pela imprensa dita burguesa, como também no próprio espaço militante. Em A Liberdade Não se Concede, Conquista-se. Que a Conquistem os Negros: Antologia de Textos de A Batalha revisitam-se estas tensões e analisam-se as suas inevitáveis contradições, através de uma grande-angular sobre o anarquismo negro de Mário Domingues.
2023; 242 p.