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No primeiro terço do século XX Setúbal era uma pequena cidade quase inteiramente virada para o mar, boca de um importante rio de penetração no Alentejo, porto marítimo e, sobretudo, centro piscatório, a que se associava o importante volume de força‐de‐trabalho, maioritariamente feminina, das fábricas de conservas, algumas das quais de patrões estrangeiros e cuja produção ia alimentar a classe de bens que Portugal conseguia exportar. Então, o movimento social crítico e alternativo era fundamentalmente corporizado pelo operariado e por um sindicalismo orgulhoso da sua independência e afirmação própria. No final do século, este padrão produtivo tinha mudado inteiramente, embora o mar continuasse a ser um suporte importante da sua economia e uma marca inapagável da identidade setubalense.