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"Entendemos os homens e as mulheres do passado porque nos aproximam as mesmas emoções, paixões e desejos. Muitos actos da antiguidade são-nos familiares porque reflectem a complexidade humana : os esforços para atingir a beleza, a necessidade de símbolos de estatuto social, as relações de poder e o peso da família. Como é dito no livro de Eclesiastes, escrito há mais de dois mil anos, "não existe nada de novo sob o Sol."Encontrado nas escavações arqueológicas da antiga cidade romana de Ammaia, perto de Marvão, esta figura masculina de bronze, envolvida em pele de leão, deverá ser uma representação juvenil de Hércules. É um de entre milhares de achados em toda a Europa e Norte de África que nos fornecem novas pistas sobre a maneira como as culturas romana, grega ou egípcia lidavam com o quotidiano. A morte do leão de Nemeia foi o primeiro trabalho de Hércules na tradição helenística. Terá sido provavelmente esse o motivo pelo qual esta peça, cujo orifício da retaguarda sugere que estaria destinada a afixar-se noutro objecto, representa o herói com feições juvenis. “O facto de não ostentar qualquer outro atributo sugere que se pretendia justamente evocar o momento após a realização do primeiro trabalho”, comenta o arqueólogo Joaquim Carvalho, da Fundação Cidade de Ammaia. Talvez nunca saibamos a função simbólica concreta deste objecto, nova jóia da colecção do sítio arqueológico de Ammaia (em breve patente na exposição “Lusitânia dos Flávios”, no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa), mas esse é o sortilégio da arqueologia – encontrar artefactos que desafiem as convenções e formar, peça a peça, um puzzle complexo sobre o que pensavam as civilizações que nos precederam. Da cidade romana retrocedemos no tempo e caminhamos até ao Antigo Egipto. A descoberta do Papiro Ebers modificou muito do que sabíamos sobre o exercício da medicina no Egipto. Datado de 1500 a.C., o papiro terá sido encontrado entre as pernas de uma múmia na necrópole de Tebas. Foi então desviado do circuito tradicional de antiguidades e terá sido transaccionado algumas vezes até chegar à colecção de Edwin Smith, um norte-americano negociante de antiguidade. Em 1869, o catálogo de um antiquário descrevia um “grande papiro médico na posse de Edwin Smith, agricultor americano estabelecido em Lucsor”. O anúncio foi detectado pelo egiptólogo alemão George Ebers, que o comprou e estudou pela primeira vez. Ebers descobriu que os conhecimentos ginecológicos expostos nos papiros médicos testemunham o uso de métodos anticoncepcionais femininos no Egipto. O papiro descreve um medicamento para que uma mulher deixasse de conceber durante um, dois ou três anos: «Moer uma medida de pontas de acácia e tâmaras. Misturar com mel. Impregnar um tampão e introduzir na vagina.» Outro papiro, o Papiro Kahun, identifica um método diferente: «Misturar leite azedo com excremento de crocodilo ou natrão e mel.» Embora estes métodos possam parecer pouco eficientes, as folhas de acácia contêm de facto goma-arábica, que actua como espermicida. Os excrementos de animal ou o mel podem também ter funcionado como barreiras para o esperma. Também se usavam métodos naturais, como a prolongação da amamentação para evitar ou espaçar as gravidezes.
E, sobretudo, este conhecimento modificou a percepção da própria ciência médica na Antiguidade."
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