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Livro de poesias de Guerra Junqueiro que assinala uma inversão na trajetória poética do autor, até então orientada para o lirismo revolucionário e anticlerical. Acertadamente, Moniz Barreto, crítico de finais do século XIX, considera Os Simples "uma idealização da vida rural feita com intuitos de moralista, que condena a complicação e dureza da vida civilizada, e que vê na regressão a um cristianismo ingénuo e popular a cura das feridas da alma". O próprio autor, numa nota posfacial ao volume, atribui a gestação da obra a "um período agudo" da sua existência, durante o qual, depois de ter antevisto a morte, meditou e conseguiu alcançar "uma ideia metódica e definitiva do universo".
A obra está repleta de quadros rústicos e de tipos populares "de boas e santas criaturas, que atravessam um mundo de misérias e de injustiças (...) sem um olhar de maldição para a natureza, sem uma palavra de queixume para o destino" ("A Moleirinha", "O Pastor", "O Cavador", "Os Pobrezinhos"...), a que se conformam os ritmos e rimas populares usados pelo autor.