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A depressão é a dor que dói sem se ver,
É o inferno que se vive sem testemunhas,
É a escuridão que obscurece o caminho,
É o buraco negro que não tem fim.
No despertar do sonho,
Só o amor é visto e sentido,
Só o Céu testemunha a vida,
Só a luz ilumina o caminho,
Só a paz não tem fim.
O chamado da alma é agora.
Se estás desesperado, não te preocupes.
O que há muito era esperado está aqui.
Aproxima-se o fim do sofrimento,
Para dar início à cura.
Tem fé, esperança e confiança,
Porque sozinho, tu nunca estás.
Escondido por detrás do pano escuro de uma crise mundial, a pior ameaça que enfrentamos coletivamente é uma doença silenciosa chamada depressão. As notícias passam números alarmantes de pessoas que morrem infetadas por um vírus, numa guerra, num acidente de viação, numa catástrofe natural, num crime violento, mas não se ouve falar sobre o número de pessoas que se encontram em depressão e em casos extremos cometem suicídio.
A depressão acaba muitas vezes por ser o resultado final quando a crise bate à nossa porta. Por conseguinte, torna-se prioritário trazer este tema à tona. Porém, a falsa moralidade e o medo profundamente enraizado na nossa sociedade, não permite que esta doença ganhe uma voz para ser compreendida, aceite e tratada devidamente. Sob esse ponto de vista, o julgamento que se faz nestes casos é no mínimo leviano e os tratamentos aplicados podem não ser os mais adequados. O equívoco não se deve senão à incompreensão do nível em que se aplica esta patologia. Não nos é possível resolver um problema na sua totalidade quando apenas olhamos para os seus sintomas. É preciso ir à causa e encontrar verdadeiramente a raiz do problema. Só nessas condições conseguimos descobrir o remédio certo e abordar o problema corretamente.
Ninguém que tenha consciência de si mesmo pode afirmar que está sempre bem por melhor que a vida lhe corra e ninguém está imune a uma crise. Nesse aspeto, ainda vivemos dentro de um sonho do qual não estamos dispostos a despertar derivado do medo inconsciente de sofrermos e de perdermos tudo o que julgamos ser e ter.
Tanto o sorriso da alegria como as lágrimas da tristeza fazem parte do nosso crescimento como seres emocionais. Negar os sentimentos que consideramos “maus” é negar parte daquilo que faz de nós humanos. Nenhum ser humano é perfeito, mas é surpreendente como sermos um ser humano por completo é tão difícil para nós. Somos a única espécie à face deste planeta que não aceita ser o que é. É necessário quebrar este estigma de que não estar bem é algo que deveríamos ocultar.
Se queremos transcender as barreiras que colocamos em nós e nos tornarmos em seres completos, inevitavelmente o caminho a fazer é aceitar as nossas fraquezas por inteiro, abandonando de vez a ideia de que assumirmos a nossa vulnerabilidade faz de nós fracos. A nossa maior força está no reconhecimento das nossas fraquezas. Sem fazer isso como podemos alguma vez conhecer o nosso real poder?
Portanto, estar em depressão não é nenhum sinal de fraqueza, mas sim um chamado para olharmos para a tristeza profunda da nossa alma com os olhos do coração. Existe algo profundamente obscurecido em nós que precisa vir à luz. E só a vontade genuína de encontrarmos a verdade sem filtros nos dará a força e a coragem necessária para atravessarmos este terreno pantanoso que é a nossa mente.
A obra da Depressão à Iluminação representa assim um resgate do ser real que inconscientemente aprisionámos dentro de nós mesmos.
A autora, Cheila Ng Hó