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«É apenas a minha autobiografia política. Em relação ao meu tempo de primeiro-ministro, falo sobre o que se passou comigo, a minha própria acção, episódios em que participei, as minhas convicções e atitudes, como vi os problemas, quais os sentimentos que me atravessaram»
Cavaco Silva
"Eu confirmo neste livro que não tinha currículo político. Tive depois que adquirir algum e aprender a lidar com os que tinham mais currículo do que eu". Ontem, na apresentação da sua autobiografia política, na Figueira da Foz, Cavaco Silva recuperou a expressão atribuída a Mário Soares para ajudar à reconstrução de um dos seus mitos favoritos, o de o homem surpreendido pelo destino.
Afinal, como disse o protagonista, o futuro a Deus pertence. Neste momento, Cavaco Silva está afastado da vida política-partidária, sem qualquer intenção de voltar, "como não tinha qualquer intenção de ser eleito líder do PSD quando resolvi fazer a rodagem do carro até à Figueira da Foz". Por isso, as presidenciais, que se realizam só daqui a quatro anos, não estão nem podiam estar "neste momento" nos seus planos.
Ontem, no mesmo cenário onde em 1985 chegou a presidente do partido por "circunstâncias", por uma "teia" que não "conseguiu controlar", Cavaco Silva antecipou relatos do livro que só ontem foi tornado público. Nesse longínquo dia de Maio, o professor não regressou "a Lisboa com a alegria da vitória, mas cheio de preocupações": "Tinha grandes interrogações: serei eu capaz?".
in Jornal Público / Domingo, 17 de Fevereiro de 2002