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Durante treze anos, a guerra colonial enviou para África uma geração de rapazes sem qualquer preparação para o que iriam encontrar e onde tantas vezes tiveram de matar para não morrer. Na metrópole deixaram as vidas em suspenso, na esperança do regresso dois anos mais tarde. De camuflado vestido, embarcados em navios que partiam para Angola, Moçambique e Guiné enquanto os lenços brancos acenavam no cais, estes jovens deixaram para trás os afetos: mães e pais, namoradas e esposas, irmãos e irmãs ficavam em terra a lidar com as saudades e o medo de os perder. A troca de correspondência, através do Serviço Postal Militar, foi fundamental para os que partiam e para os que ficavam - e por isso dez toneladas de correio ligavam diariamente os militares às suas famílias.
Entre 1961 e 1975 circularam milhões de aerogramas que levavam e traziam a saudade, o amor… e tantas notícias devastadoras para ambos os lados. Marta Martins Silva volta a dar voz aos ex-combatentes do Ultramar, revelando as cartas que trocavam com aqueles que lhes eram queridos e mostrando como, através dessa correspondência, podemos compreender melhor o país que fomos nos anos sessenta e setenta do século passado.