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O título A Lágrima de Ulisses pretende ser a metáfora da perceção do humano como princípio estruturante da literatura. Ao descrever o momento em que, ao regressar a Ítaca ao fim de vinte anos, Ulisses solta uma lágrima perante a desgraça do seu fiel cão Argos que o reconheceu, escondendo essa lágrima logo a seguir, Homero (ou alguém por ele) dá indiretamente a ver a humanização mais íntima de Ulisses e a verdadeira natureza da sua personalidade errante.
Muitos séculos depois chamar-se-ia ficção literária à odisseia homérica. O subtítulo Regimes da Cultura Literária consagra a pertinência pública dos textos literários nos termos da sua condição de objetos culturais.
O método de entrelaçamento intelectual que sempre privilegiei possibilita conceber associações produtivas entre eles, porque nunca é só de literatura que falamos quando falamos de literatura. Consequentemente, os regimes de referência dos ensaios deste livro dão-se a ler articulando relações entre diferentes unidades culturais que se cruzam na literatura - desde a tecnologia à política, das formações económicas aos produtos da chamada indústria da cultura, dos dispositivos societais à religião, das construções identitárias aos circuitos comerciais da literatura.